UM POSTE DE LUZ NA ESCURIDÃO - 38.690.........28.008 (E contando)
Aqui na Vila Operária onde moro e pertence a Rede Mineira de Viação, tem apenas uma rua, que liga a Catedral do Divino Espírito Santo até a Rede Mineira de Viação. As demais supostas ruas são apenas estradinhas passando em meio ao mato que sempre estão invadido essas ruas.
A vila eh pequena e a energia elétrica que usamos eh obtida pela usina da própria Rede Mineira de viação, construída no rio Itapecerica.
Os postes de luz são de trilhos da ferrovia, fincados no chão, bem no meio da rua que eh bem larga, assim iluminam os dois lados da rua, embora as lâmpadas sejam incandescentes e geralmente de 60 velas. Com isso, a iluminação da rua eh bem pouca mesmo.
As estradas de que falei e que são geralmente invadidas por matos, uma delas leva ate o Santuário de Santo Antônio, que fica bem distante desta rua principal, vai até a praça do Santuário que fica ao lado dele, e ate as Obras Sociais da Igreja, que fica bem no alto do morro, já bem distante.
Nos finais de semana, as pessoas vão até a Praça do Santuário. Lá, os homens circulam pela praça no sentido do relógio, e as mulheres no sentido contrário. Esta eh forma de paquerar aqui. Era só flertar, pois pegar na mão não podia beijar seria uma ofensa grave, a não ser que ninguém estivesse olhando.
Na volta, geralmente lá pelas 20 horas, 21 horas já eh considerado madrugada, ele vem por uma destas estradinhas, que traz até a Vila Operária, que eh onde moramos e está instalada a Rede mineira de Viação.
Nesta estradinha, pouco antes da entrada da Vila, tem um único poste de luz.
Quando ele vem à noite, sozinho, sempre escuta passos que parece ser alguém o seguindo, e olhando para trás, jurava que via um vulto de homem, todo de preto. Ele andava o mais rápido possível, com medo, claro. Ao chegar debaixo deste poste de luz, ele para e espera para ver quem vinha o seguindo passar por ali. Porém, os passos não se faziam ouvir quando ele parava, e ninguém passava por ele. Depois, ele saia rapidamente até chegar a sua casa.
Ele nos dizia, quando nos contava estas histórias, que aquele era o homem do saco, que pegava os meninos que ficassem na rua à noite ou desobedecesse a suas mães.
Claro que depois de ouvir esta historia, sair à noite nem pensar, mesmo porque a gente era menino e os postes de luz no meio da rua estão lá para mostrar que meu pai não mentia.
Ele contou uma vez, que já depois de casado, passando por este poste de luz, viu um volto e tinha certeza que era o tio dele, que ele tinha visto apenas em fotos, pois morava na Ilha da Madeira, em Portugal e nunca tinha vindo ao Brazil.
Aconteceu que depois de alguns dias chegou um telegrama de Portugal, dizendo que este mesmo tio dele, tinha morrido naquela data em que ele afirmava tê-lo visto debaixo do poste de luz.
A história de que havia um homem do saco que pegava as crianças desobedientes fez com que os meninos aqui da Vila Operária não saíssem a noite de jeito nenhum. E se saíssemos não íamos além da porta de nossa casa.
Meu pai conta muitas histórias pra gente, a maioria deixa a gente com medo.
Eu nunca vi e nunca soube de nenhum outro menino que tenha visto esse homem do saco preto.
Sei que aqui na Vila Operária tem um homem que anda com um saco nas costas e mora no porão da igrejinha que tem aqui na Vila. Mas ele anda eh durante o dia com esse saco, que não eh preto, nas costas e todas as pessoas daqui chama ele de "Toim Preto"
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