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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

NO CORAÇÃO DA CRIANÇA RESIDE O SEGREDO DA PAZ






foto - Thymonthy Becker Comunicação
-->Lembro que já fiz muitas bagunças e, segundo minha mãe, aprontava demais a ponto de deixá-la "maluca.
Certa vez minha mãe pediu para eu ir até a feira e comprar bananas. Pediu que eu comprasse todo o dinheiro que havia me dado em bananas. Fui como sempre ia mesmo, com minha espada de plástico e brincando estar duelando com alguém. Comprei as bananas e voltei para casa. Chegando em casa minha mãe perguntou pelas bananas. Procurei e vi que eu estava somente com a espada. Eu havia comprado as bananas, havia pago as bananas, mas tinha deixado a mesma com feirante. Não deu outra, minha mãe começou a chingar e mandou-me voltar para buscar as bananas. Mandou meu irmão mais velhir comigo, dizendo que eu não sabia fazer nada direito. Voltamos para pegar as bananas, mas o feirante já tinha ido embora. Voltamos para casa sem dinheiro e sem bananas e com meu irmão dizendo que eu ia apanhar de novo. 
Em casa, minha mãe pegou minha espada e dobrou-a em algumas partes, tentando quebrá-la. Mas por ser de plástico ela só dobrava. Minha mãe disse que não mais me deixaria brincar ou sair com aquela espada, que iria destruí-la. Como ela não estava conseguindo, pediu meu irmão mais velho e este, a cortou em vários pedaços com uma faca.
Em casa, só meu pai trabalha e sustentar a família não era fácil, dizia minha mãe, pois o dinheiro era sempre a conta.
A banana ou o dinheiro, naquele momento não tinha muita importância pra mim, mas a espada sim. Eu ganhei aquela espada no natal. E pra mim foi o melhor presente de todos. Mesmo porque os presentes eram sempre roupas. E não tinha graça ganhar roupa de natal.
Quebrar a espada, dizia minha mãe, foi a melhor coisa que tinha feito, porque assim eu não quebraria mais nada em casa. Dizia que eu destruía tudo batendo com a espada e agora eu ia dar um pouco mais de sossego. 
foto - ?
Quebrar minha espada foi para mim, o pior castigo que podiam me dar. Foi como se a vida perdesse a graça
Eu não era de chorar, porque meu pai sempre dizia que homem nunca chora. Mesmo quando eu apanhava do meu pai, que batia e machucava a gente, eu procurava não chorar. Ás vezes a dor era tão forte que eu não conseguia e chorava.
Mas desta vez foi diferente. Pela primeira vez, vendo minha espada quebrada, eu chorei sem sentir dor. Chorei em silêncio, mas meus irmãos viram e ficaram zuando dizendo que eu estava chorando e por isto não era homem.
Minha mãe, ouvindo eles me zuarem, foi até mim e disse que assim que meu pai recebesse o pagamento, ia comprar outra pra mim. Disse que tinha se arrependido de ter mandado meu irmão cortar a espada.
Quando meu pai recebeu o pagamento, minha mãe cumpriu o que prometera e comprou outra espada pra mim.
Tempos depois, minha mãe estava limpando o porão e desci até lá. Foi quando ela encontrou a minha velha espada de plástico e perguntou se eu me lembrava dela. Peguei a espada, dei algumas espadas no ar e falei que não sabia como ela tinha ido parar ali. Disse para minha mãe que não me lembrava de quando foi que parei de brincar com ela. Ela então respondeu: __Quando deixou de ser criança.
Lembra disto minha mãe?  


APAIXONE-SE
   

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