segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

BOI GARANTIDO / PARINTINS / AMAZONAS / BRAZIL













O Boi Garantido eh uma das duas Agremiações Folclóricas que competem anualmente no Festival Folclórico de Parintins no Amazonas.

COMO TUDO COMEÇOU 
NO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX, A AMAZÔNIA RECEBEU UM GRANDE FLUXO MIGRATÓRIO DE NORDESTINOS DEVIDO ÀS CONSTANTES SECAS NESTA REGIÃO. OS IMIGRANTES TAMBÉM ERAM ATRAÍDOS DEVIDO AO APOGEU DO CICLO DA BORRACHA.


DENTRE ESSES, UM GRANDE NÚMERO DE MARANHENSES CHEGOU À REGIÃO TRAZENDO O COSTUME DAS BRINCADEIRAS DE BOI, (NO MARANHÃO CONHECIDOS COMO BUMBA-MEU-BOI. RESSALTANDO QUE FOI NESTE ESTADO QUE SE ORIGINARAM AS BRINCADEIRAS DESSE RITMO).
UM DE SEUS DESCENDENTES, LINDOLFO MONTEVERDE, NASCEU EM PARINTINS EM 1902 E CRESCEU ADMIRANDO OS FOLGUEDOS QUE HAVIA NA CIDADE. EM 1913 MONTEVERDE AOS 11 ANOS DE IDADE, DECIDIU CRIAR SEU PRÓPRIO BOIZINHO DE CURUATÁ COM O QUAL BRINCAVA COM CRIANÇAS DE SUA IDADE


 - UM CHAMADO BOI-MIRIM, QUE ATÉ HOJE É MUITO COMUM NO NORTE E NORDESTE DO BRASIL, EM 1920, DEVIDO A UMA GRAVE DOENÇA, FEZ UMA PROMESSA A SÃO JOÃO BATISTA: SE FICASSE CURADO, IRIA REALIZAR ANUALMENTE UMA LADAINHA E UMA FESTA DE BOI EM SUA HOMENAGEM. LINDOLFO FOI ATENDIDO EM SEU PEDIDO E CUMPRIU SUA PROMESSA. 
CONTAM OS MAIS ANTIGOS QUE A APRESENTAÇÃO COMEÇOU COM A LADAINHA E DEPOIS HOUVE DISTRIBUIÇÃO DE ALUÁ, BOLO DE MACAXEIRA, TACACÁ E, NO FINAL, MUITO FORRÓ. LINDOLFO AINDA BATIZOU SEU FILHO MAIS VELHO DE JOÃO BATISTA MONTEVERDE, EM HOMENAGEM AO SANTO QUERIDO. A PARTIR DE ENTÃO, TODOS OS ANOS OS TORCEDORES DO BOI SE REÚNEM NA NOITE DE 24 DE JUNHO PARA REZAR A LADAINHA E FESTEJAR SÃO JOÃO BATISTA E, EM SEGUIDA, SAEM PELAS RUAS DA CIDADE, DANÇANDO EM FRENTE ÀS CASAS QUE TIVEREM FOGUEIRAS ACESAS.
CONTAM QUE LINDOLFO MONTEVERDE ERA UM CANTADOR E REPENTISTA QUE CAUSAVA ADMIRAÇÃO EM QUEM O OUVIA CANTAR, POR CAUSA DO TIMBRE DE VOZ QUE DOMINAVA OS TERREIROS E ERA OUVIDO À DISTÂNCIA, SEM UTILIZAR NENHUM TIPO DE APARELHO SONORO MECÂNICO. LINDOLFO TAMBÉM INCOMODAVA OS TORCEDORES DO CAPRICHOSO COM SUA FIRMEZA DE VOZ E A INTELIGÊNCIA DOS DESAFIOS QUE CRIAVA JUNTO COM SEUS OUTROS COLEGAS COMPOSITORES.
ORIGEM DO NOME
O NOME GARANTIDO SURGIU DO PRÓPRIO CRIADOR, LINDOLFO MONTEVERDE, QUE EM SUAS TOADAS SEMPRE LEMBRAVA AOS TORCEDORES DO CAPRICHOSO QUE SEU BUMBÁ SEMPRE SAÍA INTEIRO DOS CONFRONTOS DE RUAS QUE, NA ÉPOCA, ERAM ROTINEIROS. DIZIA LINDOLFO QUE, NAS “BRIGAS” COM OS "CONTRÁRIOS", A CABEÇA DE SEU BOI NUNCA QUEBRAVA OU FICAVA AVARIADA, “ISSO ERA GARANTIDO”.
O PRIMEIRO FESTIVAL
A BRINCADEIRA FOI EVOLUINDO E, EM 1965, ACONTECEU O PRIMEIRO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS, MAS NÃO HOUVE PARTICIPAÇÃO DOS BUMBÁS. A PRIMEIRA DISPUTA VEIO NO SEGUNDO FESTIVAL, QUANDO O GARANTIDO ENFRENTOU O CAPRICHOSO. EM 44 FESTIVAIS, O GARANTIDO CONQUISTOU 28 TÍTULOS E É O ÚNICO QUE CHEGOU A SER PENTACAMPEÃO DA DISPUTA, NOS ANOS 80. O PRIMEIRO EMPATE DA HISTÓRIA DO EVENTO ACONTECEU NO ANO DE 2000.
APELIDOS
EM SUA HISTÓRIA, LHE FORAM ATRIBUÍDOS VÁRIOS SLOGANS CARINHOSOS, COMO: “BOI DA PROMESSA”, “BOI DO CORAÇÃO”, “BRINQUEDO DE SÃO JOÃO”, “BOI DO POVÃO” E OUTROS. O MAIS POPULAR É “BRINQUEDO DE SÃO JOÃO”, DE AUTORIA DE LINDOLFO MONTEVERDE PARA HOMENAGEAR O SANTO A QUEM SE APEGOU PARA CURAR A DOENÇA QUE O AMEAÇAVA QUANDO SERVIA O EXÉRCITO. OS DIRIGENTES PRESERVAM ATÉ OS DIAS ATUAIS ESTE SLOGAN COMO FORMA DE RECONHECIMENTO A LINDOLFO, O FUNDADOR DO BOI.
CAMPEONATOS
O BOI GARANTIDO É O QUE MAIS COLECIONA VITÓRIAS EM TODA A HISTÓRIA DO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS. O ÚNICO, INCLUSIVE, A GANHAR CINCO VEZES CONSECUTIVAS, SOB A PRESIDÊNCIA DE ZEZINHO FARIA ENTRE OS ANOS DE 1980 À 1984. DESDE 1966, ANO DO PRIMEIRO FESTIVAL, ATÉ 2011, FORAM 46 FESTIVAIS, ENTRE OS QUAIS, 28 VENCIDOS PELO BOI DO POVÃO (INCLUINDO UM EMPATE NO ANO DE 2000).


O GARANTIDO TAMBÉM FOI O PRIMEIRO CAMPEÃO NA ENTÃO NOVA ARENA DO BUMBÓDROMO, EM 1988, VENCENDO TAMBÉM O "TIRA-TEIMA" NO ANO SEGUINTE. 
A EVOLUÇÃO 
O Festival Folclórico de Parintins acontece durante três noites. Sempre no último final de semana de junho. Cada boi tem 2h30 para realizar seu espetáculo por noite. A festa é um grande resumo do folclore brasileiro. No evento é possível encontrar lendas, rituais, figuras típicas, tribos e cordões de danças regionais. Tudo ao sabor das toadas, que é a trilha que embala os ensaios e as apresentações durantes as três noites de disputas.


Esse enorme mosaico de expressões se deve à formação social dos povos da Amazônia. Muito dessa contribuição advém do nordeste brasileiro, cujo povo sofrido pela seca, viu no Amazonas e seu fausto período da borracha, o “Eldorado”. O norte brasileiro passou a ser o destino de milhares de nordestinos que consigo trouxeram a cultura dos folguedos juninos. 
Em Parintins, essas misturas resultaram num exótico universo que une o auto do boi, com Pai Francisco, Mãe Catirina, o Negro Gazumbá, a Lenda do Boto, Cobra Grande, Mapinguarí, Matinta Perêra e outras expressões do folclore popular. Apesar de rica, a festa parintinense começou a ganhar ares de grande espetáculo quando na década de 1970, o artista plástico Jair Mendes foi ao Rio de Janeiro para assistir o carnaval carioca. Do Rio, trouxe a ideia dos carros alegóricos, que em Parintins passaram a se chamar “alegorias”.


Assim com o passar dos anos, as alegorias ganharam tamanho, grandeza e forma. Além disso, em meados de 1990, a genialidade parintinense fez com que os módulos e grandes esculturas, passassem a ter movimentos robóticos. Tal evolução levou as grandes escolas de São Paulo e Rio de Janeiro a contratar os talentos de Parintins. É Parintins devolvendo ao Rio, em forma de arte, a troca cultural emprestada na década de 1970.
Foto - Elcio farias
PARA ENTENDER O “PARINTINÊS” 
Falar de Parintins e seu festival exige certa atenção à formação da cultura popular brasileira. Ainda mais quando se trata de Amazônia, região de dimensões continentais e vasta diversidade de expressões. Mas, para não fazer feio aqui vão dicas para se entender Parintins e sua bela festa. Algumas palavras que ajudam a entender o festival. 
BAIXA DE SÃO JOSÉ: Bairro pobre, antiga vila de pescadores, reduto de negros e mestiços e templo do folclore parintinense. Na Baixa nasceu Mestre Lindolfo e o Garantido.
LINDOLFO MONTEVERDE: Pescador de origem negra, descendente de escravos. Repentista e gênio da cultura popular. Compositor e versador foi o criador do Garantido. Nasceu em 1902 e faleceu em 1979.

BATUCADA: Denominada também, de “os camisa encarnada”. Grupo rítmico formado por cerca de 350 batuqueiros. É o coração pulsante do Garantido nos ensaios e nas apresentações de arena.GALERA: torcida apaixonada que torce pelo seu boi nas arquibancadas que são gratuitas durante os três dias de espetáculo em Parintins. A galera é um ‘item’ (equivalente ao ‘quesito’ no carnaval) e sua participação conta pontos na luta para vencer o boi “contrário”. Por tanto, não se pode ficar parado durante a exibição do boi. O detalhe é que quando um boi se apresenta, a torcida adversária fica em total silêncio. Vaiar ou ofender o adversário implica em perdas de pontos.


ITENS: Conjunto matemático representado por indivíduos, alegorias ou grupos estéticos que são os elementos comparativos no julgamento do festival.Ex: Galera item 19. Apresentador item 01, Levantador de Toada item de número 02. 
CONTRÁRIO: É aquele que não é Garantido. Tudo bem, eles também nos chamam de “contrários”. É como o torcedor denomina o boi contrário ao seu. Em Parintins a rivalidade é tão acirrada que não se pode pronunciar o nome do boi contrário sob pena de contrair azar por 100 anos, ficar doente... E fica pior se você pronunciar capric... Melhor não arriscar. 
OLHA JÁ! Típica expressão do interior da Amazônia que significa espanto ou deboche. Ex: “Olha já o boi contrário querendo imitar o Garantido!”


BUMBÓDROMO: Arena de espetáculo no formato da cabeça de um boi. Foi concebido pelo arquiteto Paulo Emílio Galvão, torcedor do Garantido no final dos anos 1980. Ela se divide ao meio. Sua lotação é de aproximadamente 30 mil pessoas divididas em camarotes, frisas, cadeiras especiais e arquibancada geral. Lado sul contrário e lado norte Garantido. Como via de regra não se pode usar vermelho no setor azul e muito menos azul no setor vermelho, sob pena de entrar em coma involuntário...


TACACÁ: Iguaria típica da Amazônia, o tacacá é uma espécie de sopa servida em cuia, composta de caldo de tucupi, goma de tapioca, camarão e jambú. Em Parintins é muito apreciada com cebolinha que o aromatiza ainda mais. No festival é muito consumido.
CURIOSIDADES 
O universo de Parintins interage com o mundo artístico brasileiro mais do que se imagina. Além dos artesãos parintinenses que fazem os movimentos dos carros das escolas de samba de São Paulo e Rio de Janeiro, inúmeras personalidades do mundo artístico flertam com Parintins. O sambista Jorge Aragão já fez toada para o Garantido. O também sambista Chico da Silva, autor de sambas de renome como “Sufoco” imortalizado na voz de Alcione, é autor do clássico “Vermelho”, que fez sucesso na voz de Fafá de Belém.


Fafá é fã de Parintins e quando pode vai ao Festival. A sambista Lecy Brandão gravou no inicio dos anos 1990 a toada “Não Mate a Mata” do boi Garantido numa versão samba. O pagodeiro Andrezinho da banda Molejo é outro que de vez em quando está no setor de camarotes do boi Garantido. Ivo Meireles da Mangueira toca surdo na Batucada do Garantido. A baiana Daniela Mercury cantou na arena do Garantido na abertura do festival de 2010.

No mesmo ano gravou uma toada do Garantido em seu DVD e levou os vermelhos para se apresentar no seu trio no tradicional e fervido carnaval de rua da Bahia. Recentemente quem sem rendeu aos encantos do boi do povão foi o craque e agora senador da república Romário. Romário esteve em Parintins esse ano, torcendo mais uma vez pelo Garantido.O festival completou em 2015 seu cinquentenário. São 50 disputas das quais o Garantido arrebatou 30 títulos. É o maior vencedor na disputa parintinense, cabendo ao contrário, pálidos 20 títulos.

Fonte dos textos e fotos: boigarantido.com.br / Wikipédia / Thymonthy Becker /




DA JANELA DO TREM VOCÊ CONHECE O MUNDO


SONHOS DE UM VIAJANTE
VENDO O RIO PASSAR
Estava de carro num cruzamento de três ruas. O carro que eu usava era bem pequeno e não tinha capota. Havia muitos carros em todas as direções. Quando fui passando o cruzamento, o sinal fechou e eu parei em cima de uma faixa de pedestre. Uma mulher com uma criança no colo foi passando, dando a volta no meu carro. Pedi desculpas a ela, por estar em cima da faixa de pedestre. 


Ela respondeu dizendo que ainda bem que eu tinha pedido desculpas, senão a coisa ia ficar “feia”. Assim que o sinal abriu, segui com aquele mini carro por uma das ruas, até que cheguei à beira de um rio que estava transbordando. Parei o caro ali e fiquei vendo o rio passar.


VALEU PELA AVENTURA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

TORNANDO A VIDA POSSÍVEL