“Tenho três alternativas para 2014”, disse Lula a um amigo que o
visitou. Ante a cara de exclamação do interlocutor, ele enumerou: “Minha
primeira opção é Dilma. A segunda, Dilma. E a terceira, Dilma.”
Para atalhar os aduladores petistas que sonhavam com o seu retorno, Lula desenvolveu uma tese. Sustenta que sua ex-poste tornou-se mais competitiva do que ele. Por quê? “Hoje, a Dilma tem os votos dela e os nossos”.
Curiosamente, Lula atribui à mídia e aos adversários políticos –todos
acomodados sob o rótulo de “direita”— o suposto robustecimento da
musculatura eleitoral de Dilma. O penúltimo a ouvir o raciocínio foi o
novo presidente da Câmara.
O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) esteve com Lula nesta
sexta (22), em São Paulo. Depois, em conversa com o blog, esmiuçou a
teoria que ouviu do ex-presidente petista. A “direita”, disse Lula,
tentou intrigá-lo com Dilma no início do governo dela. Dizia-se que a
cria, mais resguardada, fazia um governo melhor do que o do criador.
Abre parêntese: nessa época, Dilma enviou carta de parabéns a FHC
pelos 80 anos. No texto, reconheceu-lhe os méritos, para desassossego do
petismo. Depois, convidou-o para dividir a mesa de almoço do Itamaraty
com Barack Obama, um visitante ilustre que Lula se absteve de
prestigiar. Fecha parêntese.
Na versão agora difundida por Lula, o veneno da “direita” saiu pela
culatra. Primeiro porque suas relações com Dilma sobreviveram às
alegadas maquinações. Segundo porque o diz-que-diz terminou aproximando
Dilma de um pedaço do eleitorado que costuma torcer o nariz para o PT
–gente de uma certa “classe média conservadora.”
Disse Lula, segundo Henrique: “Deram para a Dilma um segmento que nós
não tínhamos.” Ele repisou: “Agora, ela tem os eleitores dela e os
nossos.” A intuição de Lula orna com as pesquisas.
Sondagem divulgada pelo Datafolha
no final do ano passado, em 4 de dezembro, informou: decorridos dois
anos de sua posse, Dilma chefia um governo considerado ótimo ou bom por
62% dos brasileiros. Lula colecionava taxa de aprovação bem menor ao
final do seu primeiro biênio: 45%. FHC amealhava 47%.
Numa fase em que se prepara para correr o país, Lula repetiu a Henrique Alves algo que já havia sido noticiado aqui
há duas semanas: teve o cuidado de informar a Dilma que seria ela a
candidata em 2014, não ele. Fez isso para retirar as pulgas que
começavam a saltitar atrás da orelha da pupila.
fonte - uol.com.br
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